A descarbonização do planeta até 2050 é uma prioridade mundial. É aí que aparece o hidrogênio verde como a mais nova aposta para salvar o planeta. O hidrogênio verde é 100 % sustentável, porque não emite gases poluentes durante o processo de produção nem durante a combustão. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o uso do hidrogênio verde pouparia 830 milhões de toneladas anuais de CO2 que seriam emitidos pelo uso de combustíveis fósseis. Muito além do enorme potencial exportador, a produção de hidrogênio verde permite a descarbonização de setores que hoje dependem, quase que exclusivamente de combustíveis fósseis, como a indústria química, a siderurgia e o transporte de cargas, que respondem por emissões intensivas de gases de efeito estufa.
Esse combustível em especial, pode redefinir o mapa do poder global, e o Brasil pode ser um dos maiores líderes da geopolítica energética do mundo pós-petróleo. Isso porque poucos países têm a sorte de estarem sentados em cima de grandes reservas de petróleo e gás natural, no entanto, o hidrogênio é o elemento químico que mais existe na natureza. Isso equilibra as forças a nível mundial. Mas, para que o hidrogênio seja verde, precisa ser produzido a partir de fontes renováveis.
É aqui que entra a vantagem do Brasil, que conta com cerca de 85% da matriz elétrica vinda de fontes limpas, e ainda tem enorme potencial inexplorado para novas usinas solares e eólicas, além de grande infraestrutura portuária para exportação. A Comissão Europeia anunciou o plano REPowerEU com o objetivo de reduzir a enorme dependência da matriz energética europeia de combustíveis fósseis, aumentando o volume projetado de importação de hidrogênio verde (H2V) e derivados para 2030, criando a Aceleradora de Hidrogênio (Hydrogen Accelerator), com foco em estabelecer parcerias internacionais para aumentar a oferta de hidrogênio verde no continente.
A Alemanha assumiu a liderança ao anunciar sua intenção de viabilizar uma demanda de até 110 TWh de hidrogênio verde até 2030. Ao mesmo tempo, devido ao seu potencial limitado de geração de energia renovável, projeta ter capacidade para produzir somente 14 TWh.
Por conta dessa limitação, a Alemanha já estruturou um mecanismo de fomento chamado H2Global, encabeçado por mais de vinte empresas, incluindo algumas que estão presentes no Brasil, como Siemens Energy, ThyssenKrupp e Linde.
Para o Brasil, que tem um dos maiores potenciais de geração de energia renovável do mundo, as oportunidades são enormes.
Iniciativas de criação de hubs de produção de hidrogênio verde começam a surgir nos portos de Pecém (CE), Suape (PE) e Rio Grande (RS). Essas iniciativas são um bom ponto de partida, porém são ainda muito tímidas em comparação com que o mundo espera de um gigante como o Brasil.
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