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Foto do escritorLuis Gaban

Por que a energia nuclear voltou ao debate mundial?


Por muitos anos os acidentes nucleares de Chernobyl e Fukushima enfraqueceram o apoio popular à energia nuclear. O Japão suspendeu quase todos os seus 50 reatores nucleares, mantendo apenas 9. Países como Alemanha, Espanha, Suíça e Itália decidiram eliminar a energia nuclear e abandonaram os planos de adicionar novas usinas nucleares. Entre 2011 e 2020, 65 reatores foram desligados ou não tiveram sua vida útil estendida. Nos Estados Unidos, 12 reatores foram desligados e apenas 1 foi adicionado.

No entanto, a energia nuclear provocou muito menos mortes do que outras fontes de energia, especialmente quando comparado à quantidade de energia gerada. Por exemplo, o número de mortes associadas à energia a carvão é cerca de 350 vezes maior do que em usinas nucleares por Terawatt-hora (TWh) de energia produzida. Isso somado a crise energética gerada na Europa por causa da guerra Rússia/Ucrânia, traz os holofotes de volta à energia nuclear.

Mas, por que o súbito novo interesse pela energia nuclear?

Primeiro, a urgência de combater a crise climática trouxe um crescente reconhecimento de que o caminho para emissões líquidas zero será mais rápido, mais fácil e mais barato se a energia nuclear fizer parte do conjunto de soluções.

Hoje, a energia nuclear é a única fonte de energia livre de carbono operando em escala que pode fornecer energia de forma confiável a qualquer momento. Isso porque a energia solar e a eólica são intermitentes, pois nem sempre há sol nem vento, e enfrentam outras limitações, como a quantidade de terra necessária e a duração das baterias.

Por outro lado, os avanços tecnológicos têm reduzido os custos, resíduos e preocupações com segurança da energia nuclear. Além disso, nos próximos anos, a tecnologia de fusão nuclear, que em oposição à fissão não gera resíduos sólidos, pode se tornar comercialmente viável.

A previsão é que com o crescente desenvolvimento tecnológico, o uso de eletricidade crescerá dramaticamente. Países como Inglaterra, França, Japão, Alemanha, China, Índia e Estados Unidos já estão se preparando para implantar novas usinas nucleares e até estão aumentando a vida útil das já instaladas.

Para eles está claro que incluir a energia nuclear como parte de um mix diversificado de fontes de eletricidade de carbono zero reduzirá os custos totais, melhorará a confiabilidade e a resiliência e ajudará a alcançar a rápida descarbonização de que o mundo precisa com tanta urgência.

Isso não significa ignorar os riscos e dúvidas em relação à energia nuclear. A pergunta a ser feita é se é mais fácil lidar com os riscos e desafios da energia nuclear do que tentar a geração de energia carbono zero sem energia nuclear na mistura. As evidências disponíveis sugerem que sim.


* Artigo de opinião publicado também no Site Bahia Notícias







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